O suporte familiar no desenvolvimento da criança – Fatores de risco e fatores de proteção
Para
a completa atuação do psicopedagogo, a participação da família é fundamental. Conhecer
a realidade da criança, faz com que o profissional de psicopedagogia consiga avaliar
de forma geral, o quadro de dificuldades apresentado pelo indivíduo.
Muitos
fatores contribuem para o desenvolvimento positivo do aprendiz, e a família é
um dos pontos mais importantes. No ambiente familiar existem fatores de risco e
fatores de proteção, que irão ser alicerces no desempenho da criança.
Temos
como fatores de proteção, os itens que modificam e melhoram a resposta do
aprendiz ao seu desenvolvimento, e fatores de risco são condições que
apresentam probabilidade de ocorrência de resultados negativos ou indesejáveis.
São comportamentos que podem comprometer a saúde, o bem-estar ou o desempenho
social do indivíduo. Ambos estão relacionados a características do indivíduo e
do ambiente em que vive a criança.
O
histórico dos pais, pode induzir a esta geração de fatores de risco ou de
proteção.
Ambientes
negativos se refletem na existência de fatores de risco, por outro lado, uma
criança que se desenvolve em um ambiente favorável e positivo, é assistida por
fatores de proteção.
A seguir, alguns recursos de ambiente familiar
e escolar, e fatores de risco e de proteção que irão influenciar no desenvolvimento
da criança:
Recursos do ambiente - Família
e Escola
Fatores de Proteção e Fatores de Risco
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Recursos do ambiente família e escola –
Positivos e Negativos |
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O progresso escolar está associado à
relação com o ambiente físico. Os recursos do ambiente mostram indícios de
que elementos de proteção associados ao envolvimento dos pais, quando
positivos, diminuem as dificuldades como atraso escolar ou problemas comportamento.
O ambiente familiar de crianças que se
desenvolvem de forma positiva, tanto no plano cognitivo como no interpessoal,
são caracterizados como ambientes com recursos facilitadores do desempenho
escolar, tais como experiências ativas de aprendizagem informal, e experiências
que são mediadas pelos adultos em um contexto de acolhimento. Dessa forma,
são condições que promovem desenvolvimento cognitivo, autoconfiança e
interesse em aprender. |
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Supervisão e organização das rotinas Interação
com os pais e professores Lar
com apoio às necessidades Competências
cognitivas Condições
econômicas favoráveis Competências
interpessoais Ambiente
de carinho Segurança
familiar Incentivo
à cultura Crianças saudáveis, felizes e equilibradas Desenvolvimento do apego de forma positiva |
Falta
de habilidade socio educativa Problemas
econômicos Famílias
numerosas Ambiente
de Hostilidade Vulnerabilidade
familiar Ambiente
desestruturado Stress Não
existe lazer ou cultura Desequilíbrio,
inseguranças e indisciplina Dificuldades
no manejo da criança Relacionamento
prejudicado |
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Fatores de Risco e de proteção |
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Fatores de Risco = São aqueles fatores que aumentam a
probabilidade de a criança desenvolver um problema emocional ou
comportamental. Relacionado à fatores biológicos, família e ambiente em que
vive. Dentre tais fatores encontram-se os comportamentos que podem
comprometer a saúde, o bem-estar ou o desempenho social do indivíduo. |
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Fator de Risco |
Consequências |
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Violência Psicológica. Relacionamentos baseados em humilhações
e ameaças. A criança que observa a violência doméstica no lar vivenciará
conflitos e outras vivências negativas. Criança em lares violentos, tomam
isto como modelos de como se comportar em interações sociais. |
Medo, baixo-autoestima, depressão,
ansiedade, pensamentos suicidas, transtorno alimentar, abuso de substâncias,
comportamento antissocial, falta de empatia, baixo desempenho escola, e até
mortalidade
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Violência Física. Maus tratos físicos. O índice de
violência em crianças menores é maior, pois não conseguem se defender e não
existe o fator escola, muitas vezes responsável por detectar maus tratos
físicos. |
Espancamento, queimaduras, fraturas,
contusões, etc. Pode também acarretar futuras ocorrências de crimes
violentos, e estímulo a viver nas ruas. Vale destacar que tal tipo de
violência permanece como principal causa de morte na infância |
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Negligência. É a privação da criança de alguma
necessidade básica: Saúde, segurança, educação... |
Desnutrição, ao atraso global no
desenvolvimento e até mesmo à fatalidade. |
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Violência Sexual. O adulto faz uso da criança para seu
prazer sexual. Abrangem relações com contato físico, sem contato físico ou
por meio de prostituição visando fins econômicos. |
Comportamento sexualizado, ansiedade,
depressão, agressão, comportamentos regressivos, problemas escolares, entre
outros |
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Fatores de alto risco - Baixa escolaridade dos pais, baixa
remuneração, famílias numerosas e ausência de um dos pais são considerados
fatores de alto risco. |
Podem gerar problemas de comportamento,
como delinquência, distúrbio antissocial (incluindo membros da família),
abandono ou pouco envolvimento escolar. |
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Fatores de Proteção = Os fatores de proteção são os que
modificam ou melhoram as interações do sujeito e contribuem para seu
desenvolvimento. Incluem características individuais quanto ambientais. São
classificados em 3 categorias: Atributos da criança, características da
família, e fontes de apoio. Os pais devem estar atentos, pois algumas vezes
fatores de proteção, podem ser confundidos e se tornarem nocivos ao
desenvolvimento, negligenciando o principal objetivo. Estes fatores de
proteção estão ligados ao tipo de orientação parental e aceitação que é
estabelecido, e ao nível de responsividade. A comunicação é a chave para a
construção saudável e positiva entre pais e filhos, e desta forma,
estabelecer a melhor forma de orientar a criança e protegê-lo, de forma
segura e didática. |
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Nível de controle |
Aceitação/Responsividade |
Características |
Consequências |
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Alto |
Competente, recíproco |
Os pais apresentam relações de afeto e
carinho com os filhos, entretanto de forma clara e firmes e com limites. |
Esperam reforçar um comportamento
socialmente maduro, e em troca ter o respeito e retorno da criança. |
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Alto |
Autoritário, afirma poder |
Os pais são exigentes, pouco
responsivos e tendem controlar o comportamento seguindo padrões. Palavras
chave: Obediência, ordem e autoridade. |
Algumas crianças parecem ameaçadas, em
alguns casos manifestam agressividade e falta de controle emocional. |
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Baixo |
Indulgente, permissivo |
Muito carinho e afeto, entretanto
exercem pouca autoridade. Falta de limites. |
Comportamentos imaturos não assumem suas responsabilidades, são menos independentes, na
adolescência podem tornar-se agressivas. |
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Baixo |
Negligente, não envolvido |
Mãe não estabelece relação emocional
com a criança, falta e monitoração dos pais. |
Crianças com apego inseguro, perturbação
nos relacionamentos com pessoas da mesma idade e com adultos, tornam-se
antissociais e impulsivos, probabilidade de tornarem-se delinquentes. |
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Conclusão
Para
todo comportamento há uma consequência. É importante analisar e avaliar as
condições em que a criança vive, o ambiente familiar e histórico de seus pais,
o engajamento da família para o progresso do desenvolvimento do aprendiz, e as
formas de orientação aos pais para que haja o sucesso de desempenho.
Ambientes
hostis, trabalharão para consequências negativas, por outro lado, os
ambientes onde existe afeto e orientação, a probabilidade é de termos uma
criança com desenvolvimento e sucesso.
Fatores
de risco devem sempre ser acompanhados, e devem visar a proteção da criança,
para isto o trabalho principal deverá ser realizado com a família.
Os
fatores de proteção, existem para ajustar e melhorar comportamentos, entretanto
os pais devem estar atentos e serem orientados para que haja um equilíbrio
entre o afeto e os limites.
Referências bibliográficas
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pobre. Paidéia (Ribeirão Preto),
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DELL’AGLIO. Débora Dalbosco; KOLLER. Silvia Helena (Orgs.). Adolescência e juventude: vulnerabilidade e contextos de proteção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.
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