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domingo, 26 de dezembro de 2021

O suporte familiar no desenvolvimento da criança – Fatores de risco e fatores de proteção

 O suporte familiar no desenvolvimento da criança – Fatores de risco e fatores de proteção

Para a completa atuação do psicopedagogo, a participação da família é fundamental. Conhecer a realidade da criança, faz com que o profissional de psicopedagogia consiga avaliar de forma geral, o quadro de dificuldades apresentado pelo indivíduo.

Muitos fatores contribuem para o desenvolvimento positivo do aprendiz, e a família é um dos pontos mais importantes. No ambiente familiar existem fatores de risco e fatores de proteção, que irão ser alicerces no desempenho da criança.

Temos como fatores de proteção, os itens que modificam e melhoram a resposta do aprendiz ao seu desenvolvimento, e fatores de risco são condições que apresentam probabilidade de ocorrência de resultados negativos ou indesejáveis. São comportamentos que podem comprometer a saúde, o bem-estar ou o desempenho social do indivíduo. Ambos estão relacionados a características do indivíduo e do ambiente em que vive a criança.

O histórico dos pais, pode induzir a esta geração de fatores de risco ou de proteção.

Ambientes negativos se refletem na existência de fatores de risco, por outro lado, uma criança que se desenvolve em um ambiente favorável e positivo, é assistida por fatores de proteção.

 A seguir, alguns recursos de ambiente familiar e escolar, e fatores de risco e de proteção que irão influenciar no desenvolvimento da criança:

Recursos do ambiente -   Família e Escola

Fatores de Proteção e Fatores de Risco

Recursos do ambiente família e escola – Positivos e Negativos

O progresso escolar está associado à relação com o ambiente físico. Os recursos do ambiente mostram indícios de que elementos de proteção associados ao envolvimento dos pais, quando positivos, diminuem as dificuldades como atraso escolar ou problemas comportamento.

O ambiente familiar de crianças que se desenvolvem de forma positiva, tanto no plano cognitivo como no interpessoal, são caracterizados como ambientes com recursos facilitadores do desempenho escolar, tais como experiências ativas de aprendizagem informal, e experiências que são mediadas pelos adultos em um contexto de acolhimento. Dessa forma, são condições que promovem desenvolvimento cognitivo, autoconfiança e interesse em aprender.

Supervisão e organização das rotinas

Interação com os pais e professores

Lar com apoio às necessidades

Competências cognitivas

Condições econômicas favoráveis

Competências interpessoais

Ambiente de carinho

Segurança familiar

Incentivo à cultura

Crianças saudáveis, felizes e equilibradas

Desenvolvimento do apego de forma positiva

Falta de habilidade socio educativa

Problemas econômicos

Famílias numerosas

Ambiente de Hostilidade

Vulnerabilidade familiar

Ambiente desestruturado

Stress

Não existe lazer ou cultura

Desequilíbrio, inseguranças e indisciplina

Dificuldades no manejo da criança

Relacionamento prejudicado

Fatores de Risco e de proteção

Fatores de Risco = São aqueles fatores que aumentam a probabilidade de a criança desenvolver um problema emocional ou comportamental. Relacionado à fatores biológicos, família e ambiente em que vive. Dentre tais fatores encontram-se os comportamentos que podem comprometer a saúde, o bem-estar ou o desempenho social do indivíduo.

Fator de Risco

Consequências

Violência Psicológica. Relacionamentos baseados em humilhações e ameaças. A criança que observa a violência doméstica no lar vivenciará conflitos e outras vivências negativas. Criança em lares violentos, tomam isto como modelos de como se comportar em interações sociais.

Medo, baixo-autoestima, depressão, ansiedade, pensamentos suicidas, transtorno alimentar, abuso de substâncias, comportamento antissocial, falta de empatia, baixo desempenho escola, e até mortalidade

 

 

 

Violência Física. Maus tratos físicos. O índice de violência em crianças menores é maior, pois não conseguem se defender e não existe o fator escola, muitas vezes responsável por detectar maus tratos físicos.

Espancamento, queimaduras, fraturas, contusões, etc. Pode também acarretar futuras ocorrências de crimes violentos, e estímulo a viver nas ruas. Vale destacar que tal tipo de violência permanece como principal causa de morte na infância

Negligência. É a privação da criança de alguma necessidade básica: Saúde, segurança, educação...

Desnutrição, ao atraso global no desenvolvimento e até mesmo à fatalidade.

Violência Sexual. O adulto faz uso da criança para seu prazer sexual. Abrangem relações com contato físico, sem contato físico ou por meio de prostituição visando fins econômicos.

Comportamento sexualizado, ansiedade, depressão, agressão, comportamentos regressivos, problemas escolares, entre outros

Fatores de alto risco - Baixa escolaridade dos pais, baixa remuneração, famílias numerosas e ausência de um dos pais são considerados fatores de alto risco.

Podem gerar problemas de comportamento, como delinquência, distúrbio antissocial (incluindo membros da família), abandono ou pouco envolvimento escolar.

Fatores de Proteção = Os fatores de proteção são os que modificam ou melhoram as interações do sujeito e contribuem para seu desenvolvimento. Incluem características individuais quanto ambientais. São classificados em 3 categorias: Atributos da criança, características da família, e fontes de apoio. Os pais devem estar atentos, pois algumas vezes fatores de proteção, podem ser confundidos e se tornarem nocivos ao desenvolvimento, negligenciando o principal objetivo. Estes fatores de proteção estão ligados ao tipo de orientação parental e aceitação que é estabelecido, e ao nível de responsividade. A comunicação é a chave para a construção saudável e positiva entre pais e filhos, e desta forma, estabelecer a melhor forma de orientar a criança e protegê-lo, de forma segura e didática.

Nível de controle

Aceitação/Responsividade

Características

Consequências

Alto

Competente, recíproco

Os pais apresentam relações de afeto e carinho com os filhos, entretanto de forma clara e firmes e com limites.

Esperam reforçar um comportamento socialmente maduro, e em troca ter o respeito e retorno da criança.

Alto

Autoritário, afirma poder

Os pais são exigentes, pouco responsivos e tendem controlar o comportamento seguindo padrões. Palavras chave: Obediência, ordem e autoridade.

Algumas crianças parecem ameaçadas, em alguns casos manifestam agressividade e falta de controle emocional.

Baixo

Indulgente, permissivo

Muito carinho e afeto, entretanto exercem pouca autoridade. Falta de limites.

Comportamentos imaturos não assumem suas responsabilidades, são menos independentes, na adolescência podem tornar-se agressivas.

Baixo

Negligente, não envolvido

Mãe não estabelece relação emocional com a criança, falta e monitoração dos pais.

Crianças com apego inseguro, perturbação nos relacionamentos com pessoas da mesma idade e com adultos, tornam-se antissociais e impulsivos, probabilidade de tornarem-se delinquentes.

Conclusão

Para todo comportamento há uma consequência. É importante analisar e avaliar as condições em que a criança vive, o ambiente familiar e histórico de seus pais, o engajamento da família para o progresso do desenvolvimento do aprendiz, e as formas de orientação aos pais para que haja o sucesso de desempenho.

Ambientes hostis, trabalharão para consequências negativas, por outro lado, os ambientes onde existe afeto e orientação, a probabilidade é de termos uma criança com desenvolvimento e sucesso.

Fatores de risco devem sempre ser acompanhados, e devem visar a proteção da criança, para isto o trabalho principal deverá ser realizado com a família.

Os fatores de proteção, existem para ajustar e melhorar comportamentos, entretanto os pais devem estar atentos e serem orientados para que haja um equilíbrio entre o afeto e os limites.

 


Referências bibliográficas

BRAGA, Simone da Silva; SCOZ, Beatriz Judith Lima; MUNHOZ, Maria Luiza Puglisi. Problemas de aprendizagem e suas relações com a família. Rev. psicopedag., São Paulo, 2007.  

CASARIN, Nelson Elinton Fonseca; RAMOS, Maria Beatriz Jacques. Família e aprendizagem escolar. Rev. psicopedagia. 2007. 

CERVENY, C.; BERTHOUD, C. Visitando a família ao longo do ciclo vital. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.

D'AVILA-BACARJI, Keiko Maly Garcia; MARTURANO, Edna Maria; ELIAS, Luciana Carla dos Santos. Recursos e adversidades no ambiente familiar de crianças com desempenho escolar pobre. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto,  Apr.  2005.

DELL’AGLIO. Débora Dalbosco; KOLLER. Silvia Helena (Orgs.). Adolescência e juventude: vulnerabilidade e contextos de proteção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. 

 

 

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